Porquê escolher Produtos Nacionais Locais e Sazonais?

Sejam bem-vindos a mais uma crónica do Maria na Linha!

Hoje trago-vos um tema que considero bastante pertinente, não só para o momento atual, mas também para o futuro. É algo que faz sentido numa altura em que a situação económica do país está a ser afetada com toda a pandemia do COVID-19, mas também é uma prática que já deveria ser recorrente.

O tema que estou a falar é a escolha e preferência pelos produtos nacionais e locais. A preocupação em investir nestes produtos, torna-se ainda mais necessária numa realidade como a que estamos a viver e por isso é importante perceber quais as vantagens e benefícios de optar por este tipo de produtos.

Por um lado, ao escolhermos produtos nacionais e locais, estamos a ajudar os produtores e agricultores portugueses, cujos rendimentos dependem da venda dos seus cultivos e a contribuir desta forma, para a economia do país. Por outro lado, nós portugueses temos a sorte de viver num país com bons terrenos e com um clima propício ao crescimento e plantação de uma grande variedade de hortícolas e frutas. De Norte a Sul do país conseguimos encontrar uma diversidade de produtos que acabam por ter características organoléticas ótimas, composições nutricionais ideais e preços mais acessíveis, precisamente por serem cultivados e produzidos em Portugal.

Tanto nos supermercados das grandes superfícies como nos mercados mais pequenos é possível, muitas vezes, fazer a escolha entre produtos nacionais ou internacionais. Sabemos por exemplo que vários países produzem maçãs; mas de facto, é a Maçã Bravo de Esmolfe, a Maçã Riscadinha de Palmela, a Maçã de Alcobaça e a Maçã de Portalegre, que devem ser as escolhas preferenciais. Outros exemplos são a Pera Rocha do Oeste, a Banana da Madeira, os Citrinos do Algarve e o Ananás dos Açores; todas frutas com Denominação de Origem Protegida (DOP) e Indicação Geográfica Protegida (IGP).

Se pensarmos bem, os produtos locais têm maior probabilidade de terem um preço mais acessível pois estão a ser vendidos no mesmo país; ao contrário dos produtos internacionais que têm de ser transportados até ao país de venda, acarretando custos e provocando a subida do seu preço.

Neste sentido, na próxima ida ao supermercado, procure alimentos de produção nacional. Para facilitar essa procura pode observar que os produtos frescos como frutas e vegetais têm muitas vezes um autocolante com a bandeira de Portugal, que permite destacar facilmente a produção nacional. Para outros produtos pode também olhar para os rótulos e procurar a frase que diz “Produzido por” ou “País de Origem”.

Os mercados biológicos e aqueles em que os produtores vendem os produtos de fabrico próprio, devem ser igualmente apoiados e poderão ser opções viáveis e acertadas numa fase como a que estamos a viver. Muitos destes mercados continuam abertos e encontraram boas soluções para fazer face às medidas de segurança que são exigidas. Nestes espaços é possível encontrar uma grande variedade de frutas, vegetais, ervas aromáticas; de mercearias como batatas, cebolas e alhos; leguminosas secas e ainda, produtos de fabrico próprio como queijos e pão. Por este motivo, deixo o incentivo para procurarem este tipo de locais junto das vossas residências e complementarem as compras que fazem nas grandes superfícies.

Para além de tudo disto, ao ter um produto local existe maior probabilidade de ele ser sazonal, ou seja, estar na época do ano que melhores condições de cultivo e colheita lhe dá. O facto de um alimento ser sazonal significa que há uma altura do ano em que o clima e a terra fornecem as condições ideais e a quantidade de nutrientes necessários ao seu crescimento. Estes alimentos acabam por ter as suas características organoléticas (sabor, odor, cor…) e nutricionais potenciadas, quando colhidos e consumidos nessa altura do ano específica.

No que respeita às características nutricionais dos produtos, sabe-se que quando estes estão na época do ano ideal para a sua colheita, a quantidade de vitaminas, minerais e fitoquímicos como os flavonóides, licopeno, carotenoides e antocianinas é maior. Apesar de existirem outros fatores, como a região e o modo de consumo (com ou sem casca, crua ou confecionada), que fazem variar a quantidade de nutrientes das frutas e vegetais, a sazonalidade influencia bastante este parâmetro. Isto acaba por ser relevante para a nossa saúde pois estes nutrientes são extremamente importantes na regulação do organismo e têm atividade antioxidante e anti-inflamatória.

Dando assim alguns exemplos rápidos o kiwi, a laranja, as nabiças e as couves lombarda e portuguesa são típicos do Inverno; as nêsperas, os morangos e a beterraba são típicos da Primavera; os figos, o melão, a melancia, o tomate, o pepino e o pimento são típicos do verão e por último, as uvas, o dióspiro, a romã e a abóbora são típicos do Outono.

Recordo também que os frutos oleaginosos (nozes, as avelãs, as castanhas, os pinhões e as amêndoas) e o pescado são produtos sazonais. Muitas vezes associamos estes produtos a preços mais dispendiosos, mas no caso dos frutos oleaginosos, de setembro a fevereiro/março os preços poderão estar mais acessíveis pois estão na sua época. No caso do pescado, dependendo do tipo de peixe ou marisco, existem épocas mais favoráveis também; alguns exemplos são o atum: maio-outubro, bacalhau: dezembro-junho, cavala: fevereiro-maio, carapau: abril-outubro, pescada: abril-julho, tamboril: abril-junho e a lula: julho-setembro.

É importante ter a consciência que a escolha de produtos da época do ano em que nos encontramos, é uma escolha mais económica, pois os custos de produção fora de época são mais altos e a colheita tem menor rendimento, provocando assim a subida do preço de venda. Por outro lado, guiar a escolha alimentar de acordo com a sazonalidade, permite-nos apoiar a sustentabilidade ambiental pois haverá uma menor necessidade de se utilizarem cadeias de frio e de conservantes para a manutenção da segurança de consumo.

Estas são algumas curiosidades e informações que considero úteis e tal como disse no início da crónica, relevantes não só para os tempos que se avizinham, como também para o resto da vida. Uma alimentação saudável é também aquela que promove a sustentabilidade financeira individual, a sustentabilidade económica nacional e a sustentabilidade ambiental.

Espero que tenham achado interessante este tópico e que tenham percebido a importância dele.

Encontramo-nos na próxima crónica e até lá, mantenham-se na linha!

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