Rótulos Alimentares

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Bem-vindos a mais uma crónica! E desta vez, a uma inteiramente dedicada a rótulos alimentares. Porquê? Porque são uma ferramenta importante para escolhas alimentares mais corretas e conscientes; e também porque são poucas as pessoas que, por um lado, os percebem e que, por outro, fazem bom uso deles.

Penso que a grande maioria das pessoas sabe que o rótulo alimentar apresenta diversas informações sobre o produto que estamos a comprar, mas no momento de compra ou de utilização, apenas procura a data de validade e ignora as restantes informações que nele se encontram.

Vamos então mudar isso e perceber um pouco melhor, tudo aquilo que está presente nos rótulos alimentares dos produtos que compramos e como é que essa informação nos pode ser útil!

O rótulo acaba por ser o bilhete de identidade do produto, ou seja, é nele que podemos encontrar as informações base, que nos permitem caracterizar o tipo de produto que estamos a comprar e as características que ele tem. O rótulo vai-nos permitir saber o nome do produto, os ingredientes que o compõem, as propriedades nutricionais que ele nos fornecerá, a sua origem, o seu produtor, quais as condições de condicionamento que ele exige, qual a sua data de validade, etc.

Apesar de nem sempre serem fáceis de interpretar, os rótulos alimentares são altamente regulados e toda a informação que disponibilizam, tem de estar de acordo com a legislação em vigor. Em Portugal, o Regulamento 1169/2011 (disponível na página online eur-lex) apresenta todas as regras para a realização dos rótulos alimentares, dependendo do tipo de produto e do tipo de embalagens em que se encontram, e fornece todas as informações a quem os executa.

Relativamente ao nome do produto, é importante perceber que existe sempre um nome legal do produto e que, através desse nome, tem de ser possível identificar com clareza, o produto que estamos a comprar. Muitas vezes na embalagem podemos encontrar um nome mais comercial, por exemplo “línguas de gato”, mas o nome legal será algo como “Biscoitos crocantes com sabor a canela e limão”.

Logo a seguir ao nome legal encontra-se a listagem de ingredientes, que no fundo representa a receita/ fórmula do produto. Esta listagem indica todos os constituintes que deram origem ao produto final e é feita por ordem decrescente; começa pelo ingrediente em maior quantidade e termina naquele que vem em menor quantidade na receita do produto. Através deste facto, conseguimos perceber que, se ingredientes como açúcar ou, por exemplo, óleo, estiverem entre os 2 primeiros ingredientes, o produto não será a escolha mais saudável.

Algo também importante a reter quando se fala na listagem de ingredientes, é que quanto menor ela for, melhor. Devemos olhar para a listagem de ingredientes e reconhecer todos os ingredientes, ou a sua grande maioria; olhar para os ingredientes e questionar se são ingredientes que facilmente tínhamos nas nossas despensas ou frigoríficos. Por outro lado, podemos reparar que existem alguns ingredientes que têm um valor em “%” à frente; e isto, está relacionado com o nome legal, ou seja numas “Bolachas de aveia e amêndoa”, obrigatoriamente terá de ser especificada a % de “aveia” e “amêndoa” que foi utilizada na receita.

Por fim, queria chamar a atenção para os termos que muitas vezes são utilizados para “mascarar” os ingredientes que são utilizados. Termos como “xarope de glicose”, “glucose”, “sacarose”, “galactose”, “dextrose”, “maltodrextrina”, “xarope de malte”; nada mais são, do que sinónimos de “açúcar”. Por outro lado, tenham atenção a termos como “light”, “bio”, “detox”, pois não significam necessariamente que sejam opções mais saudáveis. Por vezes os produtos “light” têm um menor teor em gordura, mas têm outros ingredientes que tentam não prejudicar o sabor do produto e que, simultaneamente, podem não ser tão saudáveis ou até naturais, como seriam os ingredientes que conferiam o teor de gordura. No fundo, o conselho que posso dar, é olhar com muita atenção para a lista de ingredientes, pois o produto até pode ser pouco calórico, mas ser constituído por ingredientes que não têm muito interesse nutricional.

Relativamente ao prazo de validade, é importante referir que esta informação deve ser sempre procurada no momento de compra e tida em conta de acordo com o planeamento semanal/mensal das refeições. Existem duas frases distintas: “consumir até” e “consumir de preferência antes de”, pois a primeira associa-se mais a produtos perecíveis, ou seja, a produtos que se estragam com maior facilidade. “Consumir até” significa que após essa data, o consumo do produto acarreta riscos de segurança alimentar e “consumir de preferência antes de” significa que após essa data, as características organoléticas (sabor, aroma, consistência) e nutricionais (vitaminas, minerais, fibra) poderão não ser as ideais ou totais.

Por último, é necessário ter em atenção à tabela nutricional, que apresenta o valor energético (em kcal e kj), a quantidade de lípidos, ácidos gordos saturados, hidratos de carbono, açúcares, proteínas e sal. Por vezes podem aparecer mais nutrientes; caso a embalagem tenha uma alegação nutricional sobre fibra – “alto teor em fibra” – a tabela nutricional terá de indicar a quantidade de fibra que o produto tem. Os valores são apresentados por 100g para que se possa fazer uma comparação viável com diferentes produtos, de diferentes gramagens e, em alguns casos, por dose. Existe também uma terceira coluna que apresenta a % de DDR – Dose Diária Recomendada; da quantidade de proteínas ou açúcares que uma pessoa deve consumir por dia, X% é garantida pela ingestão daquele produto ou parte dele. Isto significa que se ingerindo apenas uma bolacha, estamos a consumir uma grande percentagem do teor de açúcares que devemos ingerir por dia; essa bolacha não será uma opção muito saudável.

É importante que, de facto, utilizemos todas as informações que os rótulos alimentares nos fornecem e que os utilizemos de uma forma positiva e como auxílio de uma compra/consumo consciente e informado. Sei que é um assunto complexo e caso sintam necessidade, deixem nos comentários alguma dúvida que tenha ficado por esclarecer.

Espero, no entanto, ter ajudado a esclarecer algumas questões e que, a partir de agora, os rótulos já não sejam tão difíceis de interpretar.

Fico à vossa espera para próxima crónica, e até lá, mantenham-se na linha!

 

3 comentários em “Rótulos Alimentares

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